2 de julho: “Foi na Tora! Mas os Baianos colocaram os Marotos para saírem vuados para Portugal
2 de julho, 2022
Tão ligado que hoje é 2 de julho né? e este ano voltou os cortejos na Lapinha e tá tendo até uma Motociata de um Mito ai, o “come água” do feriadão de São Pedro e 2 de Julho, não podemos deixar passar de liso, essa data tão importante que teve participação direta da então “Vila Nova do Príncipe e Santana do Caiteté”, Emancipada em 5 de abril de 1810 se saindo de Jacobina.
A vila de “Caitité” tinha um território grande virado na zorra, compreendia a região de Guanambi até Itapetininga, fazendo divisa com a Vila do Rio de Contas a queridinha do Império, e deu muito trabalho para expulsar os “portugas” de Rio de Contas também, e o “puta que pariu” tinha o nome de Mata-marotos, pense ai, o aperto que esses portugueses passaram nessa Chapada Diamantina? tinha muito ouro e diamante envolvido né voadores? Por isso, esse amor todo pela Vila que hoje a turma só lembra na hora de beber cachaça e mijar nas paredes dos casarões históricos na época de Carnaval.
A Câmara de Caetité em 15 de agosto de 1822, foi uma das primeiras do Alto Sertão da Bahia a mandar um “Whatsapp” para Dom Pedro l, Parabenizando pelo ato da independência e botando pilha no Homem, Caetité também Foi uma das primeiras vilas a receber um Direct de José Bonifácio de Andrada e Silva, “secretário” do imperador em Dezembro de 1822, “mandando colar com os Brasileiros do Recôncavo para colocar os Marotos “portugueses” para sair voado das terras baianas na carta, José Bonifácio ainda colocou a antiga sede Jacobina no “esparro”.
Daí a participação dos caatingueiros, negros libertos e não libertos, muitos negros escravizados foram enviados com o baratino que se voltassem vivos estariam livres, “conversa cheia de curva da zorra” os fazendeiros do Sertão de Caetité, que como foi citado, era toda região sudoeste, o resto da história vocês já sabem, os políticos e fazendeiros enviaram os suprimentos, juntou um bode aqui, um boi acolá, uma farinha, uma banha de porco, umas espingardas puxa pra trás, fizeram um mel de coruja, pra não deixar os parceiros do Recôncavo na mão, mas quem lutou “na vera” foram os “orea seca” enviados, no final todos saíram vitoriosos e até os dias atuais é comemorado na velha vila que hoje é a cidade de Caetité a independência da Bahia.
Se ligue como se deu o Puta que pariu que durou mais de ano. Na versão de Louti .
Oxe! Colé de mermo? Você fila aula e eu tenho que contar tudo de novo? Mas é niuma.
Se ligue que você não sabe da terça-metade. Tá ligado que a Família Real partiu a mil de Portugal pra cá em 1808? Vazou com medo de Napoleão e quando chegou, deu uma de porreta e chamou a gente de Reino Unido. Ficou todo mundo de boa e a gente comeu essa pilha.
Tempo vai, tempo vem, rolou a crocodilagem: D. João VI e a Família Real partiram a mil de volta pra Portugal e ainda queriam que o Brasil voltasse a ser colônia. Aoooooooonde!
Quem anda pra trás é caranguejo, mô pai. O povo se retô, pegô ar e o pau comeu. Aí, D. Pedro I deu o zig na família e disse assim pra Portugal: “Quem vai é o coelho. Diga ao povo que fico!” Pô, véio, D. Pedro brocô.
Mas aí, o bicho pegô. Portugal ficou virado no estopô e a gente recebeu a galinha pulano: as tropas de Madeira de Melo armaram uma bocada nas ruas de Salvador e foi aquela muvuca. Nosso povo lutou, mas ximbou e se lenhou: o exército português tomou a cidade na tora.
O povo ficou injuriado e fugiu picado para o Recôncavo junto com nossos soldados. Lá, eles usaram o tutano pra organizar a reação: tiveram uma ideia massa e criaram o Exército Libertador. Tinha poucos soldados e muita gente do povo: pobres, negros libertos, negros escravizados, índios, agricultores, etc. Só tinha uma mulher que se alistou na cocó dizendo que era homem: Maria Quitéria. Já tinha pra mais de 10 mil pessoas, mas era tudo feito a migué: tinha poucas armas, ninguém sabia lutar, um mangue da porra.
E eu falo mesmo que eu não sou baú: o exército de Portugal virado no diabo e a gente ia lutar de badogue e barandão? Aí é barril dobrado. Mas o povo tava na pilha e o couro comeu. Um barco português chegou em Cachoeira atirando e os baianos renderam eles a bordo de canoas. Ô povo retado! Ô povo virado no estopô.
Enquanto isso, em Salvador, o exército português tava bagunçando, mandando e desmandando: uma esculhambação da porra. Foi então que eles invadiram o Convento da Lapa e mataram a Sóror Joana Angélica. Aí fedeu. Aí escancarou tudo. Eles foram fuleiro. A notícia deixou o povo agoniado e o Exército Libertador decidiu que ia arrodear Salvador.
Lá em Itaparica, o povo também deu testa ao exército português e não deixou invadir a ilha. Maria Felipa, uma negra retada, se juntou com mais 40 marisqueiras: elas ficaram de butuca e, na calada da noite, foram chavecar os vigias dos barcos. Levaram os donzelos pro mato e quando eles acharam que iam fazer ozadia, receberam foi uma surra de cansanção. Arde coma porra! É pior que tomar zunhada. Enquanto os vigias tavam nuzinhos, se coçando e se bulino, as mulheres colocaram fogo em mais de 40 barcos dos portugas. Receba, sinha miséra!
Já nas águas da Baía de Todos os Santos e no Rio Paraguaçu, foi João das Botas que lutou contra mais de 40 barcos portugueses com sua “Flotilha Itaparicana” que só tinha barco de pescador. É brincadeira um esparro desse? Mas ele tirou onda e segurou os portugueses.
Até então, a briga era essa: o povo baiano contra Portugal. Mas aí, D. Pedro entrou na dança e mandou reforço. Pra terra, ele contratou o general francês “Labativs” (se falar Labatut, use o “lá ele” porque Labatut tem rima). Ele chegou com mais soldados do resto do Brasil e deu um trato no nosso Exército Libertador. Um tapinha aqui, outro ali, mas tudo continuou meio nas coxas, feito a facão. Mas como a guerra já era daqui pra li, e como baiano é baiano: se não guenta vara, peça cacetinho. Só tem tu, vai tu mesmo: imagine a paletada de Cachoeira até Salvador.
Já para o mar, D. Pedro contratou o Lord Cochrane (mas pode chamar de “Croquete” que é niuma). O cara era escocês e já tinha fama de mau lá nas Europa. Isso já assustou a marinha portuguesa: ponto pra D. Pedro.
O Exército Libertador tinha muita garra mas pouca experiência. Chegou e cercou a cidade mas levou um baculejo daqueles do exército português. Foi na Batalha de Pirajá: os caras bagunharam a gente. Foi barril de mil. Nem dava pra brincar de esconde-esconde ou gritar “um, dois, três, salve todos”. Já era, pai!
Só que o nosso Corneteiro Lopes recebeu uma ordem pra tocar “borimbora” (Tradução: recuar), deu revertério e tocou “se joga” (Tradução: Cavalaria avançar e degolar). Oxe! Aí, esculhambou tudo. O nosso exército sacudiu a poeira e pra se amostrar, deu-lhe uma carreira e passou a porra nos portuga que não entenderam nada. Os portuga vazaram quando ouviram o toque de “se pique” e a galera do mau correndo pra dentro.
Foi o maior migué da história da Bahia, do Brasil e do mundo porque a gente não tinha nem um cavalo pra contar história, que dirá uma cavalaria inteira. Só mesmo baiano pra ganhar uma guerra no grito. Isso né culhuda não, véio: foi assim mermo. O Corneteiro Lopes se armou porque deu certo, mas se desse merda, uzoto ia dizer que foi ideia de jerico.
Com isso, isolamos os portugueses dentro de Salvador e aí deixamos eles sem água e sem comida: não entrava nem geladinho, nem bolinho-de-estudante, nem um real de big big.
Aí, quando a esquadra de Lord “Croquete” (Lord Cockrane) chegou e se juntou à flotinha de João das Botas, o sacrista do Madeira de Melo viu que já tava com a moral de jegue, chamou o rebanho de soldado dele na surdina e se picou de madrugada. Saiu no lixo mas João das Botas foi na cola deles até alto-mar e uns e oto “me disseram” que ele a largou o doce assim, ó: Se plante, vú, seu Madeira! Não se abra não que eu não sou cupim. E nem volte aqui paroano!
Na moral, véio, o nosso povo tirou onda: Salvador ficou livre e o Brasil consolidou sua independência. E quem não lutou com armas, lutou cuidando dos feridos, conseguindo comida para os soldados, doando dinheiro para as batalhas.
Eita povo guerreiro! Eita povo boca de zero nove. E aí, painho, foi um arerê nas ruas de Salvador: o Exército Libertador entrou triunfante: todo mundo solto na buraqueira indo cumê água. A rua chega ficou apertada e assim nasceu o desfile do 2 de Julho. Né não é?
Tá rebocado que você não sabia dessa história. Agora, tá ligado porque a tocha vem do Recôncavo, passa por Pirajá e chega na Lapinha, né? Tá ligado porque a festa é do povo, né? E tá ligado porque tem o Caboclo e a Cabocla, né? Ó paí! Não tá ligado não, seu leso. Me faça uma garapa! É porque eles representam a mistura popular que nos deu força pra lutar pela independência.
Tá vendo aí? Fiz um texto grande pra apertar sua mente, mas a história é de lenhar, né não?
(Texto de Louti Bahia autor da página @amoahistoriadesalvador, pesquisador de cidades, especialista em Desenvolvimento Urbano, em Desenvolvimento Regional e em Planejamento Ambiental) live quinta-feira, 2 de julho 2020, às 17h, no Instagram @amoahistoriadesalvador.
Por Louti Bahia / efuxico