Sem noção! Depois de dar declarações questionáveis e receber críticas da PM e da sociedade guanambiense, delegado Rhudson Barcelos foi afastado da investigação dos homicídios da mãe e filha em Guanambi.

16 de dezembro, 2021 Por efuxico.com Off
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A 22ª Coordenadoria de Polícia do Interior (22ª Coorpin) decidiu afastar o delegado Rhudson Barcelos das investigações do duplo homicídio ocorrido no último domingo (12), em Guanambi. O afastamento ocorre após falas consideradas machistas ditas pelo delegado em coletiva de imprensa concedida à imprensa local nesta terça-feira (14).

O coordenador da PC minimizou a mudança.

De acordo com a Polícia Civil, a mudança ocorreu por conta de uma decisão administrativa, “que ocorre sempre que julgado pertinente”. Rhudson era o delegado plantonista no dia do crime e a investigação passa a ser comandada pelo titular da Delegacia Territorial de Guanambi, Giancarlo Giovane Soares.

O delegado que deixa o caso esteve à frente da investigação desde o primeiro momento, inclusive participou da operação que prendeu o acusado pelo crime e das oitivas realizadas até agora.

Declarações sem noção.

Na entrevista coletiva, Barcelos fez uma atribuição da culpa às mulheres por serem vitimas de tentativa de estupro ou estupro. Entre as justificativas para possível linha de investigação, o delegado Rhudson Barcelos afirmou que era, “entre aspas, plausível, um feminicídio diante de uma briga entre marido e mulher”.

Questionado por qual recado deixaria para as mulheres para evitar que sejam vitimas, ele orientou que elas evitassem sair sozinhas ou em grupos de mulheres para prática de ciclismo nas rodovias, esporte muito comum na localidade. Barcelos falou ainda detalhes da vida conjugal de uma das vítimas e citou que o acusado ficava próximo à academias “para ver as mulheres exuberantes e com roupas provocantes”. Durante toda coletiva, ninguém questionou sobre os comentários do delegado.

A sociedade ficou virada na zorra

Além de muitas críticas nas redes sociais, as falas do delegado foram alvo de um protesto em frente à delegacia na noite desta terça-feira. Um novo protesto, com presença de amigos e familiares das vítimas, foi realizado no início da noite desta quarta-feira (15). Eles pedem o aprofundamento das investigações.

No próximo sábado (18) será realizada uma passeata por ruas da cidade com as presenças de familiares e amigos das vítimas. O ato sai às 8h do Marco Zero, em frente ao Memorial Casa de Dona Dedé.

A Polícia Militar ficou retada! 

As falas do delegado também revoltaram integrantes da Polícia Militar, especialmente o comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar (17º BPM), Ten. Cel. Arthur Mascarenhas, uma vez que Barcelos minimizou as participação da PM no caso e exaltou o trabalho da Polícia Civil como único responsável pela elucidação do crime.

“Não queremos aqui, angariar louros para a Polícia Militar. A gente tem um respeito imenso, pelas vítimas, pela família delas… É necessário ressaltar o trabalho em conjunto da Polícia Civil. Eu jamais iria desmerecer a Polícia Civil, eu tenho grandes amigos lá, tem grandes policiais que trabalham com seriedade, sem menosprezar, sem querer ser estrela, e que merecem todo nosso respeito, a partir do coordenador, Dr. Clécio e dos investigadores”, comentou.

Mascarenhas afirmou que a sociedade é extremamente machista e falas como as do delegado são como se fosse uma chancela para abusadores. “As mulheres têm que se revoltar, as mulheres não podem se calar, de tamanha crueldade que elas foram vítimas”, comentou.

A OAB também repudia os comentários sem noção do delegado

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Subseção Guanambi, também emitiu uma nota nesta quarta-feira (15). “A Diretoria da Subseção da OAB-BA de Guanambi, repudia, com veemência, os silogismos dantes postos, incompatíveis com o comportamento que se exige de agente publico”, diz um trecho da nota.

A Deputada partiu em defesa das mulheres e contra o machismo.

A deputada estadual Ivana Bastos também criticou a postura e pediu rigor nas investigações e  falou sobre a neutralização da violência de gênero.

Fonte: Agência Sertão