Conteúdo Legal! governo quer privatizar a Embasa às escondidas, largou deputado Sandro Régis | Municípios serão protagonista nos leilões de saneamento em 2022
18 de fevereiro, 2022O deputado estadual Sandro Régis (União Brasil), líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), afirmou nessa quarta-feira (16) que o governo do estado quer privatizar a Embasa às escondidas, sem debater com a sociedade e sem dizer como vai utilizar os recursos. O parlamentar afirmou ainda que irá solicitar a realização de audiência pública para que o projeto possa ser amplamente debatido.
“O governo quer fazer a privatização da Embasa às escondidas. Não quer debater como vai utilizar os recursos e não dá nenhuma transparência ao assunto. O governo parece estar com vergonha de dizer que está privatizando a Embasa, porque eles sempre foram contra e agora querem fazer tudo nas entocas”, disse Régis.
O líder do bloco oposicionista ressaltou que, com a realização audiência, o projeto poderá ser debatido com os funcionários da Embasa e a sociedade baiana, além da contribuição que a Alba pode dar à proposta. “Quero deixar claro que não somos contra, mas nós exigimos transparência e um amplo debate”, pontuou. O projeto estava na pauta desta quarta, mas não foi votado.
“Inclusive, é preciso chamar os municípios para este diálogo. Como fica a situação das cidades com esta privatização? Nada disso está claro. Vamos chamar a União dos Municípios da Bahia (UPB) para a audiência. É preciso ficar claro como o governo vai aplicar o dinheiro arrecadado com esta privatização. Ou será que querem manter tudo escondido para arrecadar dinheiro para a campanha?”, questionou.
Pressão do Governo Federal.
O Governo Bolsonaro deu um ultimato as empresas de Água e saneamento, o Marco Legal estipula que, até 2033, 99% da população brasileira deve ter acesso a água potável e 90%, a tratamento e coleta de esgoto. A comprovação de capacidade econômico-financeira deve ser realizada por requerimento. Os requerimentos de comprovação de capacidade econômico-financeira deveriam ser apresentados pelos prestadores de serviço a cada entidade reguladora responsável pela fiscalização dos contratos até 31 de dezembro deste ano. A data-limite para a finalização do processo, já as decisões sobre eventuais recursos administrativos, é 31 de março de 2022.
O prestador deverá encaminhar à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) cópia do protocolo do requerimento de comprovação de capacidade econômico-financeira feito à entidade reguladora competente, acompanhada de cópia do requerimento e de toda a documentação no prazo de até cinco dias a partir da data do protocolo do pedido.
Empresas públicas e sociedades de economia mista
O Decreto também prevê medidas para ocasiões em que empresas públicas ou sociedades de economia mista sejam submetidas a processo de desestatização. Nesses casos, a capacidade econômico-financeira será presumida. Para tanto, deverão ser atendidas algumas condições.
Uma delas é que o controlador deverá apresentar, até 31 de dezembro de 2022, requerimento às entidades reguladoras competentes para decisão sobre a capacidade econômico-financeira da empresa pública ou sociedade de economia mista. Esse documento deverá ser acompanhado de comprovação da contratação de estudos e atos necessários à desestatização, com mandato para venda em caso de viabilidade econômica da operação.
Também deverá ser apresentada a autorização legislativa geral ou específica para a desestatização. Esse documento deverá ser apresentado até 31 de dezembro de 2022.
Os novos contratos de concessão que substituirão os contratos de programa a serem celebrados em conjunto com a desestatização deverão comprovar que as metas de universalização serão atendidas. Além disso, o processo de desestatização deverá ser feito de modo compatível com as estruturas de prestação regionalizada.
O processo de desestatização deverá ser concluído até 31 de dezembro de 2024. A falta de apresentação de requerimento pelo prestador e, quando aplicável, por seu controlador implicará a ausência de comprovação de capacidade econômico-financeira do prestador.
Um ano e meio após a sanção da nova legislação que rege o setor de saneamento básico no país, uma série de leilões de concessões de serviços foram realizados nos estados do Rio de Janeiro, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Amapá, naqueles que foram os primeiros leilões decorrentes do Marco Legal do Saneamento.
Neste ano, a previsão é de que este processo de leilões seja conduzido, de forma mais incisiva pelos municípios, que são os entes públicos que, de fato, gerem o setor de água e esgoto no país. De acordo com especialistas, esta é uma tendência que pode se concretizar a despeito da criação de blocos estaduais – como os já concedidos pelos governos do RJ, AP, AL, ES e MS -, que podem realizar o processo de concessão à iniciativa privada de forma conjunta entre as diversas cidades que os integram.
Municípios como protagonistas
Para Francisco Alpendre, consultor, especialista, palestrante e autor no segmento de PPPs (Parceria Público-Privadas) e Concessões, o que pode indicar que “esse ano será a vez das concessões municipais autônomas”, é o fato deste ano de 2022 ser um ano eleitoral, com o pleito estadual podendo afetar os planos dos candidatos à reeleição ou de seus possíveis sucessores.
“Como os municípios são os titulares do serviço, com o aprimoramento de projetos que levem em conta as limitações técnicas desses locais, a tendência é que essas licitações aconteçam de forma localizada, como ocorreu em Xique-Xique, na Bahia, e está caminhando no mesmo sentido em Goianésia e Jaraguá, em Goiás”, diz Alpendre.
Leia o Decreto 10.710/2021 Leia o Decreto 10.710/2021
Fonte: Junior Mascote | Agência Brasil | Foto Rede social