Olha ai frango! Anvisa encontra irregularidades no rótulo de 40 em 41 suplementos de creatina analisados.
24 de abril, 2025
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu a análise de 41 suplementos alimentares de creatina comercializados no Brasil. O levantamento, que abrange produtos de 29 fabricantes, avaliou três aspectos principais: teor de creatina, conformidade da rotulagem e presença de matérias estranhas.
O maior número de inconformidades foi identificado na rotulagem dos suplementos. Das 41 amostras avaliadas, 40 apresentaram algum tipo de erro ou inadequação nas informações fornecidas ao consumidor.
Entre os principais problemas verificados estão:
- Alegações não previstas na legislação, inclusive em língua estrangeira;
- Uso de imagens ou expressões que induzem o consumidor a erro;
- Tabela nutricional fora dos padrões ou ausente no painel com a lista de ingredientes;
- Falta de informações sobre frequência de consumo e número de porções por embalagem;
- Ausência dos dados sobre açúcares totais e açúcares adicionados.
Apesar das falhas, a Anvisa esclareceu que os erros encontrados não representam risco à saúde dos consumidores e não exigem, neste momento, medidas adicionais de fiscalização sanitária. No entanto, as empresas deverão ser notificadas para corrigirem as informações, conforme previsto na regulamentação vigente.
A investigação foi baseada em uma seleção das creatinas mais vendidas no país, todas em embalagens de 300 gramas — formato mais comum no mercado. A coleta das amostras ocorreu no segundo semestre de 2024, majoritariamente nas sedes das empresas fabricantes. No Rio de Janeiro, no entanto, a coleta foi realizada no varejo pela Vigilância Sanitária estadual. São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo também participaram, considerando a concentração de mercado nesses estados.
Para garantir a reprodutibilidade dos resultados, cada produto foi coletado em triplicata pelas Visas locais, conforme prevê a Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977. As análises foram realizadas pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Teor de creatina dentro do padrão
Segundo a Anvisa, 40 dos 41 produtos avaliados apresentaram teor de creatina dentro dos parâmetros exigidos pela legislação, que permite uma variação máxima de 20% em relação ao valor declarado na rotulagem nutricional, desde que atendido o valor de referência de 3.000 mg.
Apenas uma amostra teve resultado abaixo do permitido. A marca responsável não foi divulgada, pois o caso ainda está em processo administrativo de apuração.
A agência destacou que os resultados apontam uma melhoria em relação a levantamentos anteriores conduzidos pelo setor produtivo entre 2022 e 2024, o que pode indicar uma autorregulação do mercado e ajustes nos processos produtivos após os dados preliminares.
Além disso, nenhuma das amostras apresentou presença de matérias estranhas, o que indica conformidade nesse quesito.
Os suplementos alimentares no Brasil são regulados pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 843/2024 e pela Instrução Normativa (IN) nº 281/2024. Ambas determinam que os produtos devem ser notificados à Anvisa para comercialização. A partir de 1º de setembro de 2025, todos os suplementos que já estavam no mercado antes da publicação dessas normas também deverão estar regularizados junto à Agência.
Produto aprovado em todos os testes
Entre os suplementos analisados, apenas o CREATINE MONOHYDRATE – 100% PURE, da marca Atlhetica Nutrition, fabricado pelo ADS Laboratório Nutricional Ltda., apresentou resultado satisfatório em todos os critérios avaliados, incluindo rotulagem, teor de creatina e ausência de impurezas.
A lista completa de produtos analisados pode ser encontrada no site da Anvisa.