Luto: Morre aos 86 anos “Dona Loló” à guerreira além do seu tempo e avó do redator Tadeu Luiz
10 de novembro, 2021Dona Erotiudes ou Loló como era carinhosamente chamada em Jequié, foi uma pessoa além do seu tempo, quando ninguém se quer sabia o que significava feminista, ainda nos anos 60 em meio as desavenças e abandonos do seu esposo, decidiu criar seus 8 filhos sozinha, na época não se importou com as conversas do arcaico povo do recém inaugurado lago da barragem da pedra, na zona Rural de Jequié.
Já na cidade em meados dos anos 80 quando não existia a máxima do empreendedorismo feminino ou do empreendedorismo afro, a mulher negra Erotiudes Santos da região de Almadina no Sul da Bahia já “labutava” com beneficiamento de café em sua casa (cafe gourmet) e venda de carvão “a retalho” no (varejo), tal façanha servia para manter os netos e filhas que moravam consigo.
Com filhos frutos de um casamento conturbado e assolados pelo alcoolismo do seu ex esposo que embora separados de corpo ela ainda nutria um sentimento de cuidado com o moribundo, de tempos em tempos ainda se via na responsabilidade de lhe prover cuidados, demonstrando o seu espírito de voluntariado.
Já no final dos anos 90, quando muitos estavam preocupados com o fim do mundo, a visionária Dona Loló iniciou um “Ecommece” diferente do atual que utiliza a grande rede, dono Erotiudes saia de porta em porta com quase nenhum estoque, ela cobria a pé três grandes bairros de Jequié; o Cassação, Cidade Nova e o Curral Novo, a retada Loló vendia centenas de peças de roupas íntimas e vestuários da estação e era com crédito da casa; sem carnê ou cartão, só na confiança, a inteligente mulher de pouco estudo utilizava o estoque das “revistas” e o dos mascates locais para atender as dezenas de clientes, “quase que um mercado pago na canela”.
Na correria, a visionária mulher negra e separada, não teve oportunidade de estudar, mas foi passando de fase na finalidade de criar netos, fato que se repetiu nos anos 2000 com a segunda leva de netinhos. Entretanto, nos tempos modernos onde todos usam os termos empreendedorismo, feminismo, república digital, empoderamento feminino e orgulho negro, a já cansada vovó Loló vivia de maneira modesta no andar de cima da casa de uma das filhas, sendo amparada por todos que são gratos a esta mulher empoderada e visionária que ela foi e será lembrada sempre. A guerreira faleceu na noite de ontem (09) aos 86 anos, vítima de complicações no sistema cardiovascular.
Dona Erotiudes é avó materna de Tadeu Luiz, redator Chefe do e fuxico, a mesma foi sepultada na tarde de hoje (10) no cemitério do Curral Novo, no mesmo jazigo que descansa a saudosa professora Jó, filha da guerreira e mãe do redator.