“Para mim, é muito mais fácil estar do outro lado do balcão”, disse Bolsonaro. “Do lado daquele cara [Alexandre de Moraes] que está no Supremo e no TSE, ‘canetando’ tudo contra mim. Acabou de me dar uma multa de R$ 20 mil porque me reuni com embaixadores, sendo que o Fachin já fez isso. A política externa é privativa minha e do Carlos França. Não é do Supremo e do TSE. É o tempo todo usando a caneta para fazer maldade, tentar me tirar de combate, desgastar.”
Logo depois, o chefe do Executivo diz que já desafiou o magistrado e que, por isso, ele “vazou as quebras de sigilo” do seu assessor pessoal, o coronel Mauro Cid. “O que esse cara [Moraes] fez é um crime. O Cid é um cara de confiança meu”, declarou Bolsonaro.
Quebra de sigilo do coronel
Em 26 de setembro, Moraes determinou a quebra do sigilo do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, um dos principais assessores do presidente da República. A quebra do sigilo foi feita atendendo a um pedido da Polícia Federal (PF).
A informação foi publicada em primeira mão pelo jornal Folha de S.Paulo e confirmada por Oeste. De acordo com as investigações, a PF encontrou no telefone do principal ajudante de ordens do presidente da República mensagens que levantaram suspeitas de investigadores sobre transações financeiras que teriam sido feitas do gabinete do presidente. A polícia investiga se as transações foram feitas com dinheiro público.
Segundo o jornal, as investigações analisaram conversas por escrito, áudios e fotos trocadas pelo assessor do presidente, que teriam sido feitos com outros funcionários da Presidência. As apurações apontam a existência de depósitos fracionados e saques em dinheiro.
Dois dias depois, o magistrado determinou a abertura de uma investigação sobre o vazamento de informações da quebra de sigilo bancário de Cid.
Em sua decisão, Moraes faz menção ao jornal Folha de S.Paulo, sobre a Polícia Federal ter encontrado elementos no telefone do assessor que poderiam levantar suspeitas sobre transações financeiras feitas no gabinete do presidente.
O magistrado ainda destacou que o delegado Fabio Shor, responsável pela investigação, deve esclarecer informações sobre os “fatos noticiados, notadamente no que diz respeito ao acesso, no âmbito policial, às decisões proferidas nos autos e aos relatórios produzidos”. Além disso, Shor deve enviar ao Supremo os nomes de todos os policiais federais que têm acesso e conhecimento sobre os “assuntos investigados”.