Policial civil sequestrado é morto por militares da Marinha em viatura
16 de maio, 2022
Quatro pessoas, entre elas dois sargentos e um cabo do 1º Distrito Naval da Marinha, foram presas, na madrugada deste domingo (15). O quarteto é acusado de sequestrar, matar e esconder o corpo de um policial civil do Rio de Janeiro.
De acordo com as investigações da 18ª DP (Praça da Bandeira), o perito papiloscopista Renato Couto, 41 anos, foi capturado em uma viatura da Marinha após procurar o empresário Lourival Ferreira de Lima, pai do militar Bruno Santos de Lima, dono de um ferro-velho na região, para checar se materiais de uma obra tinham sido furtados por usuários de crack e levados para o estabelecimento.
Na última sexta-feira, a vítima teria conseguido recuperar parte dos objetos furtados em outro ferro-velho próximo ao Morro da Mangueira. Em seguida, Renato encontrou uma esquadria de alumínio e outras peças da obra na loja de Lourival. Após uma discussão, o empresário prometeu que devolveria o valor do restante dos produtos receptados e ligou para Bruno, supervisor do Setor de Transportes do 1º Distrito Naval.
Conforme O Globo, ao chegar no local com uma Fiat Ducato da Marinha, no fim da tarde de sexta-feira, Bruno deu um golpe mata-leão e efetuou disparos contra policial civil. Em seguida, o jogou no carro. O militar estava acompanhado dos militares Manoel Vitor Silva Soares e Daris Fidelis Motta. Por volta de 17h, após serem acionados por transeuntes, policiais militares do 6º BPM (Tijuca) estiveram na 18ª DP para registrar que um homem foi baleado e colocado em uma van, na Avenida Radial Oeste.
Ainda segundo as investigações, a viatura descaracterizada, com os três militares e Renato Couto, seguiu para a Baixada Fluminense, pelo Arco Metropolitano. No carro, o policial civil levou pelo menos mais um tiro na barriga. Após jogarem o corpo dele no Rio Guandu, na altura de Japeri, eles pararam em um lava-jato, em Nova Iguaçu. Também limparam o veículo com cloro dentro do quartel da Marinha, na Praça Mauá.
Uma perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), no entanto, identificou resíduos de sangue dentro da viatura e ainda na mureta próxima ao Rio Guandu.
Em nota, a Marinha do Brasil disse que tomou conhecimento do caso na noite deste sábado: “Os militares envolvidos foram presos em flagrante pela polícia e responderão pelos seus atos perante a Justiça”.
“A MB lamenta o ocorrido, se solidariza com os familiares da vítima e reitera seu firme repúdio a condutas e atos ilegais que atentem contra a vida, a honra e os princípios militares”, diz a nota, que acrescenta.
“A MB reforça, ainda, que não tolera tal comportamento, que está colaborando com os órgãos responsáveis pela investigação e informa que abriu um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias da ocorrência”, relata.