Patrono das Polícias! Saiba quem foi o Praça Tiradentes, mártir que tinha o bico de dentista e blogueiro político que deu origem ao feriado de 21 de abril. (Ouvir notícia)

21 de abril, 2025 Por efuxico.com Off
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Tiradentes foi o único dos envolvidos na Inconfidência Mineira a ser condenado à morte. Após a Proclamação da República, ele foi transformado em mártir.

 

Tiradentes foi um militar que se envolveu com a Inconfidência Mineira, sendo condenado à morte em 1792.

Tiradentes é uma figura muito importante na história brasileira, sendo reconhecido por ter sido um dos envolvidos com uma conspiração que recebeu o nome de Conjuração Mineira ou Inconfidência Mineira. Ele, além de participar de uma das conspirações mais conhecidas da história brasileira, foi um militar e um dentista amador.

Seu nome de registro era Joaquim José da Silva Xavier, tendo nascido na capitania de Minas Gerais, em 12 de novembro de 1746. Tiradentes ficou órfão ainda na infância, sendo criado por um tio. Ele aprendeu com esse tio o ofício de dentista amador, que ele utilizava para complementar sua renda. Ele também chegou a ser um mascate e um minerador.

Tiradentes também trabalhou como militar, ingressando nessa carreira em 1775, assumindo, a partir de 1780, a posição de alferes (Subtenente) e sendo o comandante da (polícia rodoviária) tropa que garantia a segurança de Caminho Novo, estrada que ligava Vila Rica ao Rio de Janeiro.

Tiradentes era virado na porra com as autoridades coloniais pelo seu ressentimento com o fato de nunca ter recebido uma promoção para tenente permanecendo mais de uma década estagnado na posição de alferes (Sub). Ele, além disso, teve o seu ressentimento aumentado quando foi (tirado) destituído do comando do destacamento da (Polícia Rodoviária) responsável pelo Caminho Novo.

Como tinha uma grande habilidade com a fala e como viajava com frequência, Tiradentes atuou como uma espécie de propagandista, criticando publicamente as autoridades coloniais e falando sobre a possibilidade de uma revolta contra eles. Ele participou de inúmeras reuniões em Vila Rica, reunindo personalidades importantes de Minas Gerais que estavam insatisfeitas com Portugal.

A conspiração foi denunciada, e Tiradentes e outros envolvidos foram presos em 1789. Tiradentes estava no Rio de Janeiro na ocasião de sua prisão, passando por um processo de inquéritos que se estendeu por três anos e resultou em sua condenação à morte. Ele foi morto em 21 de abril de 1792, por enforcamento, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi esquartejado e pendurado pelo trecho da estrada a qual ele trabalhava como guarda.

Sua figura ficou esquecida durante todo o período monárquico, sendo resgatada com a mudança do regime para república. O resgate da figura de Tiradentes se deu para usos políticos, sendo ele transformado em um mártir na história de nosso país.

Tiradentes morreu porquê era o quebrado da história.

A sentença dos inconfidentes saiu em 1792 e determinava a pena de morte por enforcamento para dez pessoas. Entretanto, por intermédio da Rainha D. Maria I, nove dos envolvidos na Inconfidência foram perdoados e condenados ao degredo (expulsos do Brasil), enquanto a sentença de morte foi mantida para apenas um: Tiradentes. A condenação à morte de Tiradentes se deu por lesa-majestade, em outras palavras, traição do rei.

Atribui-se esse fato a três possibilidades:

A primeira afirma que a sentença só foi mantida a Tiradentes por ele não pertencer à elite mineradora e, portanto, não possuir influência na Coroa.

A segunda possibilidade levantada pelos historiadores é a de que, por falar abertamente do seu envolvimento na conspiração durante o interrogatório, Tiradentes foi considerado um elemento perigoso pela Coroa e, por isso, deveria ser eliminado.

O terceiro motivo se deu em razão da função que ele cumpria na conspiração. Tiradentes era o propagandista do movimento, levando notícias da inconfidência para outros locais da capitania, transmitindo críticas às autoridades portuguesas e usando sua habilidade retórica para arregimentar apoiadores aos inconfidentes.

Assim, Tiradentes foi usado como bode expiatório pela Coroa Portuguesa. Ele foi enforcado na manhã de 21 de abril de 1792, na cidade do Rio de Janeiro. Em seguida, teve o corpo esquartejado em quatro partes e espalhado pela estrada de acesso a Ouro Preto. Sua cabeça foi exibida em uma estaca colocada na praça central da cidade. A condenação de Tiradentes foi utilizada como demonstração de força da Coroa para evitar que futuras rebeliões acontecessem.

Feriado de Tiradentes

Atualmente, o dia da morte de Tiradentes, 21 de abril, é considerado feriado nacional. Esse feriado foi estabelecido por meio do Decreto nº 155-B, de 14 de janeiro de 1890. O feriado se tornou um momento de celebração da figura de Tiradentes, construindo uma memória dele de herói e mártir brasileiro.

Isso, no entanto, foi parte do uso político que fizeram da imagem de Tiradentes como forma de consolidar a república no Brasil. Em 1965, Tiradentes teve seu nome incluído no Livros de Heróis da Pátria, sendo convertido também no patrono cívico do Brasil. A última lei que versou sobre o feriado de 21 de abril foi a Lei nº 10.607/2002.

Legado de Tiradentes

Muitos brasileiros consideram Tiradentes um mártir, um herói, uma figura que lutou pela liberdade e contra a opressão do domínio colonial. Essa visão de Tiradentes, por sua vez, não é reforçada pelos historiadores, uma vez que Tiradentes sequer lutou pela independência do Brasil, uma vez que o movimento dele lutava apenas pela independência de Minas Gerais. A existência de um feriado em homenagem a Tiradentes, no entanto, reforça que ele se consolidou na memória como uma figura que lutou contra os portugueses e a exploração colonial.

Homenagens a Tiradentes

Ao longo da história, diversas homenagens foram realizadas a Tiradentes:

a data de sua morte foi transformada em feriado nacional;

Tiradentes foi incluído no Livro de Heróis da Pátria;

é considerado patrono cívico do Brasil;

o rosto de Tiradentes está estampado nas moedas de cinco centavos

Fontes

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013.

GASPAR, Tarcísio de Souza. Palavra de Tiradentes. In.:FIGUEIREDO, Luciano (org.). História do Brasil para ocupados: os mais importantes historiadores apresentam de um jeito original os episódios decisivos e os personagens fascinantes que fizeram o nosso país. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013, p. 466-470.

SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.