Tuberculose “é uma doença antiga que continua atual”, diz médica em evento da Fundação José Silveira
6 de dezembro, 2022A Fundação José Silveira, que administra uma maternidade em Jequié e o Ministério da Saúde (MS) realizaram um evento comemorativo em homenagem ao Dia Nacional de Combate à Tuberculose, nesta segunda-feira (05/12). O objetivo foi alertar sobre a doença, que apesar de antiga, “continua atual”, conforme a médica infectologista Denise Arakaki, que trabalha na coordenação geral do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do MS.
Dados do Ministério da Saúde, em 2021, apontam que 68.271 novos casos de tuberculose foram registrados no país. Já em 2020, foram registrados 68.939 casos novos e 4.543 mortes pela doença. Em 2019 foram registrados 4.532 óbitos. A maioria das vítimas está em situação de vulnerabilidade. A Bahia é o estado que mais concentra infectados da doença.
“Nas doenças infecciosas, ela (tuberculose) só perde para a Covid e talvez já esteja já superando a Covid, pois os números da Covid melhoraram muito. Com a vacinação as pessoas estão morrendo menos. Com a pandemia, a tuberculose perdeu o seu lugar para a covid”, relata Arakaki ao acrescentar que há muito o que fazer no combate à tuberculose.
A especialista ressaltou ainda que a Fundação José Silveira (FJS), que é referência no tema, faz um papel social fundamental em prol das vítimas da doença.
“Não existe uma legislação para permitir a manutenção do emprego dessa pessoa, como existe no HIV, por exemplo. As pessoas tem medo de ter alguém da família com tuberculose. Então, é uma doença muito estigmatizada. A fundação tem um importante papel porque ela consegue transitar nesse cenário, de discutir as questões sociais que afetam as pessoas com tuberculose. Nossa vinda hoje é para prestigiar esse importante trabalho e para relembrar a importância de continuar discutindo esse assunto em um país tão moderno”, afirma.
O coordenador do centro de pesquisa da Fundação José Silveira (FJS), o médico infectologista Eduardo Martins Neto, demonstrou preocupação com a redução nos registros da doença no início da crise sanitária, no ano de 2020. Ele acredita que ocorreu uma subnotificação dos casos de tuberculose na Bahia, o que pode não refletir a realidade. Isso pode atrapalhar no alcance da meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de eliminar a tuberculose como um problema de saúde nas Américas, até o ano de 2035.
“Em torno de 2 a 3% das pessoas que pegam a doença pessoas chegam tarde demais e morrem. Então se a gente fizer o diagnóstico precoce, nós trazemos para a população menos mortalidade, ou seja, menos mortes e menos doença severa”, relata Martins Neto.
O evento também contou com uma Feira de Saúde na comunidade do Calabar com atendimentos gratuitos nas especialidades clínica médica, pneumologia, infectologia, nutrição e, ainda, exame de Raio-X do tórax